Em Portugal, os professores são mal pagos e podem vir a estar em falta no futuro (próximo)

Ana Isabel Almeida
Editora Inspiring Future
10 outubro 2022

Num relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) – o “Education at a Glance 2022”, lançado na última semana, surge um alerta para a possível falta de professores num futuro mais próximo do que aquilo que imaginamos.

 

A OCDE dá conta de um corpo docente envelhecido, do qual 45% representam professores com mais de 50 anos (de todos os níveis de educação). Esta percentagem coloca-nos acima da média (40%) dos restantes países analisados.

 

Entre os vários resultados obtidos a partir deste relatório, a organização destaca a “subida pouco acentuada” dos salários destes profissionais. Soube-se que entre 2015 e 2021, o vencimento dos professores do 3º ciclo, com experiência inferior a 15 anos, aumentou em média 3% – o que corresponde a metade do aumento médio nos restantes países da organização (6%).

A falta de pessoas a enveredarem pela carreira de docente também constitui uma preocupação, uma vez que, de acordo com os dados, o ramo da educação é aquele que tem menos procura no ensino superior. São apenas 4% do total de novos estudantes com intenção de prosseguir e a ser colocados nesta área de estudo – incluindo licenciaturas e mestrados.

 

Apesar das conclusões retiradas, a OCDE destaca a elevada qualificação dos docentes portugueses. Pode ver-se que na faixa etária entre os 25 e os 64 anos, 88% dos professores completaram (pelo menos) o mestrado – realidade que pode estar relacionada ao facto de a educação no 2º ciclo do ensino superior ser obrigatória para ingressar e exercer na profissão.

 

“Para melhorar o ambiente de aprendizagem e a organização das escolas, seria benéfico um aumento de oportunidades relevantes para o desenvolvimento profissional dos professores, maiores incentivos ao envolvimento no trabalho colaborativo e conceder maior autonomia às escolas para escolherem os profissionais cujos perfis melhor se adaptam às suas necessidades”, sugere a organização.

Pode ler-se no relatório que o culminar destes fatores gera uma situação que “suscita preocupações quanto a uma escassez de professores num futuro próximo em Portugal”.