Nos bastidores da decisão: Os pais como protagonistas invisíveis na escolha do curso!

Redatora com Futuro
11 dezembro 2023

No palco da decisão sobre o Ensino Superior @s jovens veem-se prisioneir@s de um enredo onde as notas são só uma parte da história. A trama conta com o medo do desconhecido, a ansiedade das novas vivencias, o stress da competição e é claro, como não podia faltar, a pressão dos pais para escolherem, não só a faculdade certa, mas o curso que, para eles, abre as portas para o sucesso. 😅

 

A sociedade celebra a jornada da entrada na faculdade como uma conquista, mas raramente explora os desafios emocionais enfrentados pel@s jovens que lidam, não só com a pressão de entrar na universidade, mas também, com a expectativa de escolherem o curso “certo".

 

O desenvolvimento vocacional é um processo contínuo, que ocorre desde a infância, até à idade adulta, porque os interesses, as aptidões profissionais e as condições de vida das pessoas mudam e evoluem com o tempo. ⏱

 

As escolhas vocacionais são o resultado de um conjunto de decisões emergentes da interação entre a pessoa e a sociedade em que ela se integra. Assim sendo, e no sentido de tomar uma decisão informada, torna-se importante refletir acerca do papel dos principais contextos nos quais as crianças e jovens estão inserid@s, nomeadamente a escola, a família e a sociedade.

 

A família influencia o desenvolvimento vocacional dos indivíduos ao longo da vida, quer em termos estruturais (ex: estatuto socioeconómico), quer em termos processuais (ex: interação pais/filh@s) e, neste sentido, o presente artigo pretende fazer uma reflexão acerca da influência que os pais, mesmo que inconscientemente, acabam por ter n@s filh@s, neste momento tão delicado e importante das suas vidas. 👨‍👨‍👧‍👦

 

A parentalidade envolve um forte instinto de proteção, carinho e desejo de ver @s filh@s crescerem e serem felizes. Os pais, frequentemente, tomam decisões e fazem sacrifícios tendo em conta o nosso melhor interesse, tentando fazer o que acham que será melhor para nós.

 

Por vezes, fatores como o status social e o prestígio, a segurança financeira, a tradição familiar e a perceção do mercado de trabalho levam a melhor e acabam por ser fatores decisivos na opinião deles. Não descurando a sua importância, não nos podemos esquecer de todos os outros fatores determinantes que podem ser tão ou mais importantes para nós. 🤔

 

Os nossos interesses, paixões e habilidades nunca podem ser desconsiderados e devem ser sempre tidos em conta nesta decisão, uma vez que, afinal de contas, idealmente, é aquilo que pretendemos fazer para o resto das nossas vidas.

 

Por vezes, este não é um argumento forte o suficiente, pelo que devemos tentar ser mais convincentes, de modo a tentar fazê-los perceber o nosso lado. 😉

 

Quando as nossas ideias “chocam”, devemos tentar explicar a nossa perspetiva da melhor forma  possível: se os nossos pais idealizaram um caminho diferente daquele que imaginamos, podemos tentar pesquisar informação para lhes mostrar, apresentar informações sólidas sobre as oportunidades de emprego, tendências de mercado e potenciais benefícios associados aos cursos do nosso interesse.

 

Podemos também demonstrar o nosso comprometimento com o sucesso académico, independentemente do curso escolhido. Isso pode ajudar a tranquilizar os nossos pais acerca daquilo que consideramos que sejam as nossas habilidades e predisposição para trabalhar no duro, de forma a atingirmos objetivos claros. 🎯

 

Mais importante que tudo, devemos manter-nos firmes com as nossas escolhas, mantendo sempre o  respeito pelos pontos de vista deles e mostrando que valorizamos as suas opiniões, mas que precisamos de fazer escolhas que ecoem com a nossa própria visão de futuro e que estamos prontos para viver com as consequências das mesmas.

 

O que também acontece, muitas vezes, é que conhecemos alguém que ingressou num curso que acabou por não ser o esperado, o que fez com que a sua permanência naquela situação não fosse minimamente satisfatória. É compreensível que o medo de, futuramente, nos encontrarmos nessa mesma circunstância nos aterrorize, de tal forma que, nos faça pensar que se calhar o melhor é mesmo fazer aquilo que os nossos pais querem e arrumar logo o assunto. 🙃

 

A verdade é que também não podemos deixar esta ideia extrapolada guiar a nossa vida e tomar a decisão por nós ou fazer-nos escolher algo que nem queríamos assim tanto, só porque é a saída mais fácil.

 

Nos labirintos da transição para a vida adulta, muitas vezes vemo-nos num beco sem saída, mas isso não significa que tenhamos de ficar pres@s àquilo, a qualquer momento podemos voltar atrás e tentar encontrar novamente o nosso caminho. 🗺

 

Se escolheres um curso e vires que afinal não é bem aquilo que tu idealizaste, tens sempre a oportunidade de trocar ou até mesmo de o acabar, se achares que é o melhor a fazer e, no fim, acabares por te especializar numa área que vá mais ao encontro dos teus interesses.

 

Muitas vezes vais errar, mas todas as vezes que errares, vais aprender algo com isso e ter a oportunidade de fazer melhor mais à frente. 😊

 

A entrada no Ensino Superior pode ser assustadora, porque quer queiramos, quer não, para muitos de nós, é a primeira vez que temos de tomar uma decisão, enquanto adult@s que já somos, e que vai, de facto, interferir com a nossa vida.

 

Uma decisão que, desta vez, não vai poder ser corrigida pelos nossos pais, no caso de não resultar da forma que esperávamos, daí ser tão importante sermos inteiramente responsáveis por ela e estarmos conscientes de que seremos nós que teremos de lidar com as consequências, sejam elas boas ou más. 😎