Erasmus: tudo aquilo que não te contam

Redatora com Futuro
4 março 2020

Lembras-te daquelas histórias que os teus amigos, amigos de amigos, familiares ou até mesmo colegas de faculdade te contaram sobre as suas experiências de Erasmus?

Não te parece agradavelmente desafiante viver num país europeu durante 5 meses com pessoas da tua idade, completamente fora da tua zona de conforto e do seio da tua família que, em pouco mais do que 3/4 horas, te pode acudir?

Pessoalmente, isto foi o que me levou a fazer a candidatura para Erasmus e, até hoje, a 2 dias de embarcar nesta nova aventura, ainda não me arrependi. Mas, acredita, estive muito perto de desistir. E vou-te contar porquê.

Fazer Erasmus não é unicamente escolher um país que nos pareça agradável de conhecer, que tenha fronteira com outros países que também te pareçam agradáveis a uma primeira vista e iniciar o packing das tuas malas. Seria ótimo se assim fosse.

Fazer Erasmus passa por um grande processo burocrático que te fazem pensar duas vezes se realmente queres embarcar nesta aventura. Claro que todos temos experiências diferentes, mas acredita que quase todos passamos por algum stress na preparação da mobilidade. O país que escolhi foi o Luxemburgo e, para que fiques a perceber melhor a minha experiência, entrei na Licenciatura de Estudos Europeus.

Candidatura para Erasmus

Quando decides fazer Erasmus precisas de fazer uma candidatura na tua faculdade, no qual escolhes algumas opções de países para te acolher nos próximos 5 meses. Okay, aqui estás demasiada/o entusiasmada/o para ligares às pequenas complicações que te vão aparecendo durante a preparação da tua candidatura.

Resultados da tua candidatura

Nesta fase nada te chateia. Só se não fores escolhida/o para o destino que tinhas posto na primeira opção, mas calma. Ainda tens oportunidade de teres a melhor experiência académica internacional da tua vida.

Preparação da documentação para a faculdade de acolhimento

Em Portugal, nem todas as faculdades trabalham da mesma forma. Os seus procedimentos internos são diferentes, mesmo que façam parte da mesma Universidade.

Imagina agora lidares com os procedimentos internos de uma faculdade estrangeira, nacional de um país que se organiza de forma diferente de Portugal e ainda contém uma cultura, mesmo que europeia, diferente. Porque é que te estou a dizer isto? Porque a forma como eles vão lidar contigo é muito característica do país de onde são.

Estudar no estrangeiro

Erasmus será viajar o máximo que possas, divertires-te até não poderes mais e conviver tanto até criares amizades para vida. Mas também será estudar e cumprir prazos. Vais ingressar numa faculdade nova com uma plano de estudos diferente e com professores com métodos distintos dos que estás habituada/o.

A grande primeira complicação com que me deparei foi durante o preenchimento do Learning Agreement - contrato de estudos. Nesta fase precisas de investigar o Plano de Estudos da faculdade de acolhimento para decidires o que vais estudar.

No meu caso, escolhi uma faculdade num país que contém pareceria com as Instituições Europeias. Desta forma esperava ter alguma oferta dentro do ramo da política europeia, o que acabou por não acontecer. Enquanto fazes o teu LA estás a trabalhar com o Plano de Estudos do ano letivo anterior ao que te encontras. Desta forma, as unidades curriculares disponíveis poderão não ser as mesmas de quando começares o Erasmus (acontece por diversas razões). Mas não desesperes. Esse LA não será definitivo. Poderás mudá-lo mal chegues ao país que te vai acolher. Aconteceu-me ficar um pouco desmotivada, pois tive de fazer, entre 7 a 8 vezes, alterações no mesmo.

  • A língua

Viajar para um país implica lidarmos com uma tradição linguística característica da sua história. No meu caso, o país que escolhi contém 3 línguas oficiais e, portanto, as línguas disponíveis na faculdade eram exatamente essas 3 (Luxemburguês, francês e alemão), adicionando ainda o inglês. Claramente que me deparei com cadeiras que eram lecionadas exclusivamente em francês e/ou alemão. E adivinha. Normalmente essas cadeiras eram exatamente aquelas que eu tinha percebido o quão interessante poderiam ser.

  • Prazos para cumprir

Vais perceber ao longo dos anos que tudo tem prazos. Todas as dificuldades que eu estava a ter no preenchimento do meu contrato de estudos estavam contraídas a um prazo. A quantidade de emails que enviava para o Incoming Office da faculdade de acolhimento eram imensos e as respostas nunca chegavam. Foi aqui que me comecei a sentir perdida.

Sentia que ninguém me ajudava com estas questões, que não conseguia obter mais informações do que aquelas que me eram disponibilizadas no site da faculdade. E se normalmente sofremos de ansiedade pela falta de resposta aos emails por parte da nossa faculdade de cá, imagina quando se trata de uma faculdade estrangeira, no qual não podes ir aos Serviços Académicos, no dia a seguir, para te ajudarem a resolver a questão na hora. Estás por ti mesmo. Faz as escolhas mais acertadas possíveis no momento e segue em frente. Algo de bom irá acontecer.

Estadia

Eu não tive quaisquer problemas com isto, pois a minha faculdade alertou-me desde o início que no Luxemburgo não é possível o arrendamento de quartos/apartamentos a curto prazo e, portanto, sempre me indicaram as suas residências. Mas caso a tua faculdade de acolhimento não funcione desta forma vais ter de ser tu a arranjar o sítio onde irás ficar durante os 5 meses. No Facebook encontras inúmeros grupos de estudantes de Erasmus que te podem ajudar com isso. E lembra-te: trata deste assunto o quanto antes.

Agora sim. Podes respirar. Estás a entrar no avião para viveres a melhor experiência internacional que conseguires. Vai de mente aberta e diverte-te. Viajar é conhecimento. E conhecimento é o futuro. (Não te esqueças que isto é apenas a minha experiência e todos temos experiências diferentes.)