Crianças: para que vos queremos?

Redatora com Futuro
6 outubro 2023

As crianças são aquilo que os sociólogos, por exemplo, gostam de apelidar de “tela em branco”. A necessidade voraz e a curiosidade insaciável de absorver todos os fragmentos de realidade que as circundam fazem das crianças os ambientes mais suscetíveis à propagação de todo e qualquer tipo de hábito. Isto acarreta, no entanto, uma responsabilidade acrescida por parte dos adultos. 👨‍👩‍👦

 

Se, por um lado, os pilares que erguem a casa forem sólidos, é quase profético que a mesma assim se mantenha: segura e convidativa. A educação basilar, quando apoiada em valores e hábitos certos, torna-se essencial à formação de cidadãos que espelham esta realidade. Vejamos o exemplo: uma criança que cresça rodeada de hábitos de leitura, experiências culturais e interesse pelos mais variados temas será, quase inevitavelmente, alguém que mantém, cultiva e partilha esses mesmos valores. Forma-se um cidadão com espírito crítico, capaz de se informar de forma imparcial e mais rica. 💡

 

Por outro lado, crer que esta é uma realidade disseminada mostra apenas que estamos demasiado embrenhados na nossa bolha de privilégio. A estabilidade na infância é condição “sine qua non” para um futuro promissor. No entanto, este é um luxo ao qual muitos não chegam. De ambientes tumultuosos saem, frequentemente, crianças que não escolheram o seu destino, mas já o têm traçado. Pensemos no seguinte cenário: uma infância marcada por violência, pautada por necessidades continuamente insatisfeitas e constantemente posta em pausa por ambientes familiares instáveis irá, sem dúvida, influenciar a criança e o adulto que um dia será, podendo esperar-se que repita estes comportamentos e crie o mesmo tipo de ambiente. 😔

 

Somam-se os ditados populares que o dizem: as crianças são aquilo que fazemos delas. Este é provavelmente um dos maiores poderes que temos nas mãos. Se as crianças são uma “tela em branco”, o futuro não é mais do que a paisagem que desenhamos nela. 🎨